Santos fortalece desenvolvimento sustentável com união de coletivos e representação nacional

O momento é de integrar coletivos segmentados que já atuam em Santos em prol da sustentabilidade, criando ações de maior impacto, ultrapassando os limites territoriais da cidade e alcançando abrangência nacional. O pontapé inicial foi quinta (30), no Parque Tecnológico de Santos, onde autoridades firmaram o compromisso do ColaBora Mundo, estabelecendo uma agenda única com foco nas práticas ESG (Environmental, Social, and Governance) e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Agora, o Manifesto ESG do Porto de Santos (Autoridade Portuária de Santos), o Manifesto ESG das Micro e Pequenas Empresas (Instituto Nova Maré), o Movimento ODS Santos 2030 (iniciativa privada), o Comitê ODS Santos 2030 (Prefeitura de Santos), o Corredor Azul (Sebrae) e o Blue Economy Santos (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos) formam um “coletivo dos coletivos”. Juntos, os diferentes segmentos buscam promover práticas responsáveis e sustentáveis, visando o bem-estar social, a proteção ambiental e a ética na governança.

O trabalho para a construção da parceria com a iniciativa privada e a sociedade civil teve início dentro da Administração Municipal. Todas as secretarias e autarquias atuam em conjunto, por meio do Comitê ODS Santos 2030, no planejamento e na execução de ações integradas para os desafios municipais.

Representando o Executivo, a vice-prefeita Audrey Kleys, que também é secretária de Educação, destacou que, apesar das políticas públicas, as pessoas são ferramentas essenciais para o desenvolvimento da cidade. “As pastas estão engajadas para que consigamos atingir esse objetivo, que não é de Santos, é para o mundo. A Secretaria de Educação, por exemplos, tem o objetivo de colocar pelo menos dez ‘Escolas Lixo Zero’ em ação. Precisamos encantar nossas crianças para que elas encantem seus pais e responsáveis. Temos inúmeras iniciativas, mas as pessoas precisam colaborar, porque não há poder público que consiga dar conta se a sociedade não estiver envolvida neste trabalho, como vocês estão aqui”.

O evento marcou a reunião bimestral do Comitê ODS. O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, Glaucus Farinello, o ouvidor municipal, Marcos Libório, e o presidente da Fundação Parque Tecnológico de Santos, Eduardo Bittencourt, também participaram da abertura, ao lado de outras autoridades. A união também se estende entre os poderes da cidade, como enfatizou a vereadora Cláudia Alonso. “Precisamos que a cidade seja inundada por pertencimento, assim conseguiremos ter um mundo para todos. Então, este encontro, que reúne empresários, o poder executivo e legislativo, ONGs, associações e coletivos, é o mais importante. Que possamos, de fato, nos unir acima das leis, mas com o entendimento do nosso papel enquanto cidadãos”.

O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, convidou o público do evento a responder um formulário com a pergunta: “Que porto queremos para o futuro?”. Pomini ressaltou que, com a Nova Poligonal, o Porto de Santos se conecta a outros quatro municípios — Guarujá, São Vicente, Cubatão e Bertioga —, tornando essencial a integração da operação portuária com a comunidade local e a defesa de pautas fundamentais para o país.

Para enfrentar esse desafio, o Manifesto ESG do Porto de Santos, que já conta com 34 signatários e cinco apoiadores, instituiu quatro grupos de trabalho para este ano: Diversidade, Equidade e Inclusão; Governança Corporativa; Mudanças Climáticas; e Transparência, Comunicação e Reporte. Além disso, empresas portuárias atuam em parceria com o Sebrae, que desenvolve um projeto para estimular pesquisadores de outras cidades a criarem soluções para os desafios portuários. O gerente regional do Sebrae, Marco Aurélio Rosas, citou como exemplo a recente imersão Porto/Mar, que levou dezenas de empresários do polo calçadista de Birigui a conhecerem as oportunidades comerciais do Porto de Santos no início da semana. “Para nós, os desafios do porto são comuns, mas para eles foi um ponto forte do movimento”.

O painel ColaBora Mundo foi mediado pela jornalista Arminda Augusto e composto pelo superintendente de Governança, Riscos e Compliance da Autoridade Portuária de Santos, Cláudio Bastos, gerente de Negócios e Práticas ESG do Instituto Nova Maré, Nycolas Gomes, diretor de Meio Ambiente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, André de Fazio, o consultor de Inovação do Sebrae, Márcio Cruz, e o chefe do Departamento de Políticas Públicas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura de Santos, Fábio Tatsubô. 

Os representantes apresentaram projetos em andamento e revelaram ações futuras. Tatsubô citou dois momentos do calendário de 2025: o Encontro das Cidades ODS, em junho, e a Semana Global de Ações para os ODS, em setembro, que incluirá o Clean Up Day e a Semana da Luta da Pessoa com Deficiência.

Uma das ações concretas já em atividade é o projeto pioneiro que recolheu 2.925 bitucas de cigarro nos primeiros 13 dias, evitando que 1.170 kg de resíduos poluíssem o meio ambiente. O projeto, desenvolvido pelo Instituto Lixo Zero Baixada Santista em parceria com a Poiato Recicla e a Prefeitura de Santos, utiliza um método patenteado pela Universidade de Brasília, que transforma bitucas em celulose para a produção de papel, utilizando exclusivamente água da chuva e reaproveitando 90% dos resíduos tratados. Um relatório será fechado mensalmente com o resultado da coleta dos 25 pontos. O presidente do Instituto Lixo Zero Baixada Santista, André Tomé, revelou que janeiro já registra um aumento no percentual coletado e “o objetivo é expandir, levar para mais locais, para os hotéis, para os shoppings, para os bares, para os restaurantes, entre outros. Estamos à disposição para que outras empresas contratem esse serviço e levem essa solução para as suas organizações”

O Movimento ODS Santos 2030 assinou o termo de adesão ao Movimento Nacional pelos ODS do Estado de São Paulo, que participa da Comissão Nacional dos ODS (CNODS), coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República. O Núcleo MNODS SP Santos deverá conter no mínimo três coordenações: Coordenação de Gestão, Mobilização e Comunicação, cada uma com dois coordenadores que operam em conjunto. 

O Núcleo tem autonomia para propor outras coordenações, como para atuação com indicadores, ou relacionamento com universidades, etc. O propósito é mobilizar e articular sociedade, empresas e governo local em busca do cumprimento das metas. A coordenadora do MNODS-SP, Nina Orlow, ressaltou que o mais importante é levar uma visão transversal dos temas, reforçando que os ODS são integrados e indivisíveis.

As 25 micro e pequenas empresas que passaram por uma capacitação ESG conduzida pelo Instituto Nova Maré, em parceria com a Awee Business e o Sebrae, receberam certificados. Aliás, a economia criativa e o empreendedorismo também foram contemplados do lado de fora do auditório com a exposição das artesãs da Onda de Nós, com ecobags, estojos e nécessaires feitas com tecidos sustentáveis e retalhos da indústria têxtil.

A edição pioneira do Manifesto ESG das MPEs, estimulada pelo Movimento ODS Santos 2030, contou com 11 módulos, totalizando 27 horas de conteúdo, abordando sustentabilidade e estruturação de negócios. Entre as certificadas pelo manifesto, está a fotógrafa Dayse Pacífico, que reduziu o uso de papel, implementou descarte correto de pilhas e substituiu embalagens por materiais sustentáveis em seu estúdio. Além disso, ela tem um programa de inclusão, oferecendo descontos para pessoas negras, com um bônus para mulheres. “As parcerias aumentaram e o lucro também, porque as pessoas enxergam um diferencial no estúdio”, concluiu a proprietária do Dayse Pacífico Fotografia, localizado no Centro de Santos, destacando as bandeiras 5, de Igualdade de Gênero, e o 18, da Igualdade Étnico-racial, da Organização das Nações Unidas (ONU).


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