Regeneração ambiental do Parque Palafitas, em Santos, é destaque de evento sobre resiliência climática

A regeneração ambiental promovida pelo Parque Palafitas, na Zona Noroeste de Santos, foi destaque durante mesa redonda sobre resiliência climática, nesta quarta (5), no evento Summit Agenda SP + Verde, realizado na Capital.

O evento ocorre em preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que começa no próximo dia 10, em Belém (Pará), quando o Brasil se tornará o epicentro mundial das conversas sobre o meio ambiente.

Iniciativa inovadora, o empreendimento, parte fundamental da urbanização da maior favela de palafitas do País, o Dique da Vila Gilda, une infraestrutura, dignidade e sustentabilidade. O impacto ambiental já pode ser visto, uma vez que áreas que receberam intervenções já apresentam recuperação do mangue da região.

“A infraestrutura com a recuperação ambiental existe e é possível desde que você tenha projetos bem feitos, e é isso que a gente está fazendo. Provamos que a infraestrutura convive e recupera. Muitas vezes, sem ela não há recuperação do meio ambiente, então é uma forma de a gente repensar as nossas leis, repensar a maneira de fazer gestão pública, sair fora da caixinha e aceitar os grandes desafios”, destacou o prefeito Rogério Santos.

Realizado pelo Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP), o evento reuniu diversas autoridades e organizações no Parque Villa Lobos, local simbólico por ter sido um grande depósito de lixo até o ano de 1989.

Rogério Santos representou a Cidade no painel Territórios em Mudança: O Papel dos Municípios na Resiliência Climática. Também participaram os prefeitos Dário Saad, de Campinas, e Rafael Piovezan, de Santa Bárbara d’Oeste. O presidente da Associação Paulista de Municípios, Fred Guidoni, o diretor para a América Latina da rede Governos Locais Pela Sustentabilidade (ICLEI), Rodrigo Perpétuo, e o subsecretário estadual de Meio Ambiente, Jonatas Trindade, também marcaram presença. A moderação foi feita por Cristiane Borda, gerente de Calor e Saúde Urbana da rede C40.

Inédito no país, o projeto chamou a atenção por conta da possibilidade de ser implementado em outros locais. “Tem um potencial de replicação enorme”, afirma a mediadora Cristiane Borda. 

Com previsão de entrega no primeiro semestre de 2026, o projeto piloto, com 60 unidades habitacionais, está sendo construído com tecnologia woodframe, da empresa Tecverde, e foi reconhecido nacionalmente como “Solução Inovadora para Habitação” durante o Fórum Nacional de Habitação de Interesse Social.

O objetivo é substituir moradias precárias sobre o mangue por habitações sustentáveis com infraestrutura urbana adequada e saneamento básico, promovendo habitação digna, recuperação ambiental e urbanização.

As obras já avançam com a conclusão da pintura externa do primeiro prédio construído. As sete lajes de apoio sobre as quais as unidades são construídas foram concretadas sobre 212 estacas com blocos de fundação, fincadas a uma profundidade entre 30 e 35 metros.

Santos é referência à nível nacional no enfrentamento às mudanças climáticas. A Cidade foi uma das primeiras a contar com um Plano de Ação Climática (PACS), que orienta metas de neutralização de carbono e adaptação urbana até 2050. O plano utiliza o Índice de Risco Climático e Vulnerabilidade Socioambiental (IRCVS) para mapear áreas de risco e definir prioridades de ação.

Outra ação de destaque é a instalação de barreiras submersas (geobags) na Ponta da Praia, em parceria com a Unicamp, para conter a erosão costeira — uma estrutura de 275 metros composta por 49 sacos de geotêxtil.

Além disso, desde 2020, o Município tem investido fortemente em infraestrutura para prevenir desastres naturais. A Prefeitura destinou cerca de R$ 100 milhões no Programa Santos Mais Bonita, para seis obras de contenção de encostas, drenagem, acessibilidade e zeladoria, em cinco morros beneficiando mais de 30 mil pessoas, além de diversas intervenções indicadas pela Defesa Civil, que elaborou um detalhado planejamento das áreas afetadas pelas chuvas de março de 2020, quando o acumulado atingiu o maior pico dos últimos 80 anos, à época.


Publicado

em

por

Tags:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *