Relatório Luz 2025 aponta retrocessos nos ODS e alerta para risco de estagnação da Agenda 2030 no Brasil

Confira a análise do 9ª edição do Relatório Luz da Sociedade Civil, documento que apresenta uma análise crítica sobre o cumprimento da Agenda 2030 no Brasil. Elaborado por 46 organizações — entre elas Fiocruz, União Europeia e Plan International Brasil — o relatório evidencia retrocessos em áreas centrais como combate à fome, violência, direitos humanos e meio ambiente.

Lançamento aconteceu no dia 30/09, em Brasília, contou com a mesa de abertura contou com forte presença feminina e reuniu autoridades como Kelli Mafort (Secretaria-Geral da Presidência), Alessandra Nilo (Gestos), senadora Teresa Leitão (PT-PE), deputada Erika Kokay (PT-DF), Virginia de Angelis (Secretaria Nacional de Planejamento), Vicente Araújo (Desenvolvimento Sustentável/MRE) e Zorilda Gomes de Araújo (Fiocruz). Representantes da ONU, PNUD, ONU Mulheres e UNAIDS também participaram.

Avanços insuficientes
Dos 169 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apenas 12 apresentaram avanço satisfatório entre 2023 e 2024 — o equivalente a 7,14%. Outras 73 metas tiveram progresso insuficiente e 75 não avançaram, com destaque para retrocessos em violência, desigualdade racial e preservação ambiental.

Alessandra Nilo, editora do relatório, alertou: “O Brasil vive uma encruzilhada paradoxal, em que interesses privados e bloqueios políticos travam a implementação dos ODS”.

Desigualdade estrutural
O relatório denuncia a violência policial, que mata três vezes mais que em 15 países do G20 juntos — 82,7% das vítimas são negras. A mortalidade indígena aumentou 30% por omissão estatal. Mulheres negras representam 64% dos novos casos de AIDS e recebem, em média, 47,5% menos que homens não negros.

Fome, pobreza e moradia
Apesar da retomada de programas sociais, como o Bolsa Família, que reduziram a extrema pobreza para 6,8%, o progresso no ODS 2 (Fome Zero) ainda é insuficiente. A população em situação de rua cresceu 25% desde 2013, totalizando mais de 327 mil pessoas — 80% sobrevivem com até R$ 109 por mês.

Meio ambiente em alerta
O Pantanal perdeu 61% de sua superfície de água em relação à média histórica. Em 2024, o Brasil bateu recorde de liberação de agrotóxicos: 663 novos registros em um único ano. O relatório alerta para os impactos diretos na saúde e na biodiversidade.

Credibilidade internacional
Vicente Araújo (MRE) destacou que o protagonismo internacional do Brasil depende da coerência entre discurso e prática. Virginia de Angelis reforçou que o governo está estruturando o planejamento plurianual até 2027 e a Estratégia Brasil 2050, com participação da sociedade civil.

A Fiocruz, por meio da EFA 2030 e da Iniciativa Brasil Saúde Amanhã, está desenvolvendo o projeto “A Saúde no Brasil em 2050”, com estudos sobre os impactos da crise climática na saúde pública.

Caminhos para avançar
O Relatório Luz conclui que o Brasil precisa enfrentar questões estruturais para retomar os avanços: desbloquear recursos para políticas públicas, combater o racismo estrutural, reverter retrocessos ambientais e alinhar o financiamento público aos ODS.

“Construir para o Brasil uma nação desenvolvida e inovadora que cresce com justiça social e ambiental é o desafio que temos diante de nós”, afirmou Virginia de Angelis.

Acesse o relatório completo:
https://gtagenda2030.org.br/wp-content/uploads/2025/09/relatorio-luz-2025.pdf


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