O impacto visual de 18 obras de arte chamou a atenção de quem caminhava pela Praça Mauá, no Centro Histórico de Santos, no início da tarde desta terça-feira (15). As criações compõem a exposição ‘O Futuro é Agora – 18 Objetivos e 18 Artistas para Mudar o Mundo’, lançada com o intuito de ampliar a conscientização e a autorreflexão sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, além do 18º ODS, uma proposta brasileira voltada à igualdade étnico-racial. A cerimônia também contou com a apresentação musical da banda Água & Sal.
Os totens, com 1,70m de altura, 65cm de largura e três faces, apostam na interatividade. Um dos lados apresenta a bandeira representada, outro exibe a obra de arte e o terceiro traz um espelho com a pergunta: “E você, o que está fazendo para o futuro agora?”. A proposta incentiva o engajamento do público com os ODS e reforça o senso de urgência da Agenda 2030, plano de ação global para o desenvolvimento sustentável. A exposição permanecerá durante a semana no Centro e seguirá para outros bairros da cidade, acompanhada de oficinas itinerantes que ainda serão divulgadas.
Cada artista teve liberdade para representar o tema de acordo com seu estilo. Segundo a curadora da mostra, Márcia Okida, o resultado foi o melhor possível. “São pessoas de múltiplas raças, gêneros, locais e estilos de arte. É justamente essa diversidade e pluralidade que existem hoje no mundo – e que devem ser abraçadas, entendidas e respeitadas. Com esse reconhecimento e entendimento de que somos múltiplos e lindos, é que vamos conseguir ajudar na luta por igualdade, em todas as vertentes, com mais amor.”
A exposição é resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Santos, Transbrasa, Nunes Projetos Incentivados, Movimento ODS Santos 2030 e Autoridade Portuária de Santos (APS), com apoio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal de Apoio à Cultura (Promicult). O CEO da Transbrasa, Bayard Umbuzeiro Neto, ressaltou o papel dos diferentes setores da sociedade na promoção de um futuro melhor. “O futuro já é presente, e o projeto de um futuro é agora. Não podemos deixar que as próximas gerações fiquem esperando. Temos a necessidade de transformar em ações o que está apenas na teoria”, afirmou.
Representando o Executivo Municipal, o ouvidor Marcos Libório destacou os esforços da administração em prol da sustentabilidade. “Estamos em posição de destaque. Fomos a primeira cidade do mundo a incluir a cultura oceânica na escola pública, e esse modelo já está sendo expandido nacionalmente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável buscam garantir a nossa existência no futuro – e as coisas estão acontecendo agora. Cada atitude diária conta muito”.
Arte que inspira
A artista Christiane Almeida, conhecida como Chriska, de 43 anos, foi uma das diplomadas durante a cerimônia de abertura. Ela revelou que se inspirou no conceito solarpunk – movimento artístico que imagina um futuro sustentável e equilibrado com a natureza – para representar seu bairro, o Saboó, na bandeira do ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis.
“As cidades e comunidades sustentáveis são locais onde não se degrada a natureza e ainda assim há acesso a recursos. Então desenhei meu bairro com a presença de tecnologias como energia solar e meios de transporte avançados, sem deixar de lado a beleza natural. O rio, por exemplo, é o canal que corta o Saboó, e muitos nem sabem que ele era originalmente um rio”, explicou Chriska.
Já Junior Barassalotti, de 47 anos, soube do lançamento da exposição e passou pela Praça Mauá para apreciar as obras. Morador do Marapé, conta que os ODS não são novidade para ele, mas vê na mostra uma forma eficaz de aproximar mais pessoas do tema, além de se impressionar com as criações. Seu totem favorito foi o da 18ª bandeira, que trata da igualdade étnico-racial.
“Moro em Santos e sei que o desenvolvimento sustentável é algo que a cidade já adota há muito tempo, mas a exposição ajuda a entender quais são esses objetivos e como colocá-los em prática no dia a dia. Acho que a cultura é um dos caminhos para levar a informação à população. Você está andando na rua, e uma criança ou um idoso se depara com uma obra de arte. Isso gera reflexão. A arte urbana tem esse poder. É uma experiência muito bacana”, definiu.
O chefe do Departamento de Políticas Públicas dos ODS (Depods/GPM), Fábio Tatsubô, reforçou que é hora de tirar o assunto das reuniões e levá-lo até as comunidades. O Bom Retiro, Vila Nova e Vila Progresso serão os primeiros bairros contemplados. “É o momento de sairmos das apresentações e alcançarmos a sociedade. A mobilização das pessoas para repensarem suas atitudes, pensarem no próximo e no futuro – que já é agora – vai gerar o impacto necessário para construirmos uma cidade mais justa, igualitária e sustentável”, concluiu.


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