Desde 2017, trabalho com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e sempre desejei entender melhor o ESG. Meu objetivo era conectar essas duas agendas para avançar de forma integrada, promovendo mudanças significativas. Em fevereiro de 2024, surgiu a oportunidade perfeita: assistiria a uma apresentação sobre ESG que prometia ampliar meu conhecimento e me preparar para ações de alto impacto.
Minhas expectativas estavam altas, mas o resultado foi decepcionante. A palestrante, que se dizia especialista, apresentou um material raso: slides visualmente agradáveis, mas sem dados concretos, indicadores ou metodologias. A apresentação se limitou a um gráfico confuso sobre a temperatura global e frases de efeito como “vai faltar ar” e “vamos para a extinção”. Apesar do tom performático e divertido, o conteúdo era superficial.
Na quarta palestra, minha paciência se esgotou. Como todo meu trabalho em dados e métricas, não consegui me conter: “Será que na próxima apresentação você poderia mencionar que o ESG surgiu no Pacto Global da ONU, antes mesmo dos ODS? Poderia trazer dados concretos de impacto socioambiental e financeiro?”. Desisti.
De volta para casa, decidi aprofundar minhas pesquisas. E a vida foi me apresentando profissionais sérios e competentes, como Maria Cristina Gontijo, Talita Martins (Équos Consultoria ESG), Sonia Hermsdorff (Santos Brasil), Cláudio Bastos (Autoridade Portuária de Santos) e Nycolas Gomes (Instituto Nova Maré). Com seus trabalhos sólidos e bem fundamentados, pude finalmente compreender o verdadeiro potencial do ESG.
O que significa ESG?
O termo ESG, que significa Environmental, Social, and Governance (Ambiental, Social e Governança), foi cunhado em 2004 no relatório Who Cares Wins, elaborado pelo Pacto Global da ONU em parceria com o Banco Mundial. A ideia surgiu de uma provocação feita por Kofi Annan, então secretário-geral da ONU, a 50 líderes de grandes instituições financeiras: como integrar fatores sociais, ambientais e de governança ao mercado de capitais? A resposta veio com a estrutura do ESG, que busca alinhar investimentos financeiros com impactos positivos.
O ESG mede o desempenho sustentável de uma organização por meio de três pilares: Ambiental: redução de emissões de gases de efeito estufa, uso eficiente de recursos naturais, gestão de resíduos e práticas sustentáveis na produção. Social: promoção de condições de trabalho justas, diversidade e inclusão, impacto positivo na comunidade e boas relações com stakeholders. Governança: transparência, ética nos negócios, estruturação do conselho, conformidade com legislações e políticas de remuneração justas.
Esses pilares ajudam a identificar empresas sustentáveis e financeiramente viáveis, promovendo mudanças reais no mercado.
Por que adotar ESG?
Empresas que incorporam ESG colhem benefícios como: melhoria da reputação e desempenho financeiro; acesso facilitado a financiamentos e investimentos; Maior eficiência operacional e redução de riscos; fidelização de clientes e vantagem competitiva; impactos positivos na sociedade e no meio ambiente.
Assim como os ODS ajudam prefeituras a se desenvolverem de maneira sustentável, o ESG oferece às empresas uma estrutura para crescer com responsabilidade, trazendo ganhos para sociedade e meio ambiente.
Por fim, um lembrete aos que se dizem especialistas: é essencial dominar os conceitos básicos. O correto é os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), e não ‘as ODSs’. Da mesma forma, é ODM (Objetivos do Milênio), e não ODMs, sem pluralizações desnecessárias. Revisar os termos usados no LinkedIn seria um bom começo para evitar mal-entendidos.
Fábio Tatsubô
Movimento ODS Santos
Todas as terças tem artigo ODS no Diário do Litoral
https://pdf.gazetasp.com.br/diariodolitoral/2025/01/14/13004a/issue11360.pdf



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